Vale a pena ver de novo?

Nos últimos meses tenho lidado com uma batalha incessante: meus computadores!

Claro que a batalha é minha comigo, eles são apenas o reflexo e você entenderá o motivo já já.

Primeiro foi o Mac Pro, que de uma hora para a outra teve um colapso nervoso e partiu desta para a manutenção. Continua internado. Não tenho R$ 2.500,00 sobrando para providenciar a alta.

Seu filho mais novo, o Ipad, estava de férias, ou mais exatamente, em ano sabático, desligadinho na gaveta. Quando fui pedir socorro a ele para recuperar minha senha do ICloud e acessar algumas coisas na nuvem, ele ligou sem nenhum arquivo dentro, como se estivesse zerado para um novo usuário. É o que acontece com esse equipamento quando fica desligado por vários meses. Eu não sabia, mas ele sim.

Daí recorri ao vovô da casa, um PC que estava, a princípio, vitaminado e servia apenas para backups. No domingo, depois de mil tentativas de fazer a compulsória atualização do Windows 10 sem sucesso, ele também entrou em coma. Tela preta. E azul. E depois, eu vermelha.

Minha saída foi pedir penico ao bisavô, um notebook Windows que está na sala de tv apenas para assistirmos Netflix. Ele, porreta, está servindo como ferramenta master de trabalho, mesmo sem dentes – faltam as letras A, P, R, X, K , Shif e as setas direcionais, tadinho! – mas isso foi resolvido com uma dentadura-teclado separado e um mouse sem fio.

Contei tudo isso porque, refletindo, meu problema não está no equipamento, que eu surro mesmo, uma vez que aqui em casa é trabalho escravo para eles; sem folga, sem férias, sem hora de almoço. Uso e abuso. Mais abuso, mas não vou suavizar não: sou a pior chefe do mundo para os computadores!

A questão são os arquivos… Nem tudo tem cópia, nem tudo está na nuvem, nem tudo está disponível e os programas também me fazem falta, mudando de um computador para outro. Mas ok, eu consigo.

Por que eu consigo?

Ahá! Porque o que eu preciso está em mim!

Equipamentos são extensões do corpo. Programas são extensões da mente e arquivos são extensões da alma, uma vez que nossa biblioteca da Essência é composta por tudo o que houve, há e haverá.

Tendo eu, corpo, mente e alma, não preciso mesmo de nenhum dos três itens, mas me beneficio, quando possível, disso, minimizando esforços. É uma questão de conveniência, não de necessidade.

Por isso, recorrendo às minhas próprias ferramentas, eu trago ao Agora o que preciso: aquele texto que eu refaço em dois minutos; aquele endereço de email do Outlook (argh!) que eu peço a um amigo por mensagem; aquele link que eu busco novamente com muita facilidade porque os favoritos são favoritos mesmo e estão na memória, é só chamar a função; aquele jeitinho de editar um vídeo com um programa free e online, pelo celular… E até tem papel! Gente, o Planeta Terra ainda tem papel e caneta à disposição! WOW!

Tá, e você com isso?

Seguinte: fato impressionante é que 90% do que eu tinha nos três equipamentos que pifaram, nem sei do que se trata.

Estou atrás de duas ou três coisas que gostaria de recuperar e posso, é só consertar os equipamentos. Mas preciso? Estavam lá, com acesso e sem uso.

Amplie esse pensamento. De que serve arquivar tanta coisa, salvar tanta foto, receita, mandinga, link de site, roteiro de viagem, bula de remédio, pular de lá para cá, armazenando informações que nunca serão vistas novamente? Levaríamos mais duas vidas para ler tudo o que salvamos nos devices! Quem quer isso?

Vale a pena ver de novo? Sério?

Estamos na era do Homo Inamabilis Sciurus. Para você que não tem um dicionário de latim salvo, quer dizer Homem Esquilo.

Esquilos são fofinhos, não? E estranhíssimos! São acumuladores por excelência e a vida deles é juntar o máximo de nozes, carregar para o local mais ermo possível para que nenhum outro animal ache, enterrar para poder usar mais tarde e… se esquecer do local onde colocou o tesouro, 70% das vezes!

Sim, eles acabam achando as nozes que outros enterraram, não as suas. Ficam felizes com a descoberta, como se tivessem encontrado uma mala de dinheiro sem dono. Pegam aquilo, comem um ou dois frutos e enterram em outro local… E assim existem…

E assim também existimos: acumulando e guardando e nos esquecendo de onde guardamos ou porque salvamos e ficando impressionados e saltitantes quando alguém nos conta algo que já sabíamos, mas não nos lembrávamos e nos apropriando do que não é nosso e ficando com medo de que levem aquilo que não conquistamos.

Ah, humanos-esquilos… Pensando num futuro propósito para o que não tem serventia nem no Agora…

O AGORA pede que colhamos o que vamos consumir. O AGORA pede que não tenhamos medo de comer, porque não há escassez, se não houver acúmulo. O AGORA pede diversão na busca e não estresse. O AGORA nos intima a fixarmos o que serve e a descartar na lixeira mental, imediatamente, o bonitinho, mas ordinário.

O AGORA pede que você salve menos e salve-se mais.

Seja Luz!

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